O MEDO NA IDADE MÉDIA.

Desta forma procuramos entender o cotidiano e a mentalidade da sociedade daquela época, considerando seus aspectos, em particular, sociais e religiosos. Diante deste quadro teremos condições de verificar a sua dinâmica teológica sobre um olhar macro desta cristandade tão presente no cotidiano do universo europeu. Durante longos séculos, a história medieval e o período da transição para a idade moderna, a população viveu a forte presença do sentimento do medo, um elemento marcante enraizado na cultura popular e cotidiana daquela sociedade.

Diante deste aspecto existia a necessidade pela busca da paz de consciência e de espírito, pois era algo necessário e importante, principalmente para as almas agonizadas, mesmo que elas estivessem diante do leito da morte. A idéia que se construiu ao longo dos séculos proporcionou para a sociedade a imensa concepção de acreditarem na existência da permanência desta alma em lugares como o céu, o inferno e o purgatório, ou seja, um estado de permanência da alma. "O medo alojou-se e tornou-se moradia fixa no universo humano individual e coletivo, gerando assim um sentido pelo medo do outro"
                                                                   
                                                                (Georges DUBY, Ano 1000 ano 2000 na pista dos medos).

O que causou e proporcionou em toda a sociedade européia o sentimento de desconfiança, de suspeita pelo olhar e diante das atitudes do outro num aspecto em que poderia ser influenciado nos espaços interioranos ou nas cidades, em dimensões até regionais, podendo ser observado também pelos estrangeiros, pois tudo gerava ou levava para o sentimento da desconfiança.

O sentimento do medo tomou proporções ainda maiores e profundas no universo político e religioso de modo historicizante, pois existia na prática uma preocupação da Igreja de tal forma que a Instituição, para adquirir e garantir cuidados com a sociedade praticou a ação do controle, sendo uma maneira encontrada para garantir e conservar a boa conduta moral, já que no período da transição para a Idade Moderna os desejos mundanos tomavam forma através do pensamento e das ações do homem moderno. Este sentimento conhecido pelo nome de medo vem atravessando séculos de presença na história do ocidente, influenciando o cotidiano e sendo instalado nas dependências do imaginário medieval e moderno da historiografia européia que posteriormente a Igreja, com sua cristandade, procuraram fincar nas novas terras da América Portuguesa no século XVIII.

Durante o século IX as sociedades européias se encontravam em avançado estado de ruralização. As invasões que ocorreram nesse período fizeram com que os senhores rurais tentassem organizar uma defesa individualizada, erigindo castelos e fortificações.

Ao se findar a Idade Média, as nações peninsulares receberam a recompensa das lutas empreendidas durante séculos em defesa da Fé cristã. Libertas do jugo muçulmano podiam pagar à Igreja a sua dívida de reconhecimento, compensando-a das perdas que sofria no próximo Oriente com o avanço dos turcos e com a revolta protestante na Europa.

A crise afetou os costumes religiosos e, conseqüentemente, as instituições eclesiásticas atingindo praticamente toda a Europa nos fins da Idade Média. Portugal, como era de prever, não escapou à regra. "Não faltaram indícios de onde se colige o estado sombrio, quer da vida cristã, quer do clero e das ordens monásticas, entre nós".

(José Sebastião da Silva DIAS, Correntes De Sentimento Religioso Em Portugal séculos XVI a XVIII, Tomo I ).

O longo período medieval ocidental é tradicionalmente subdividido em Alta Idade Média (V ao IX), pela presença da forte hierarquização, de uma economia ruralista da sociedade e a formação dos reinos. Os séculos seguintes, até antes da sua crise, é entendido como um período de consolidação, e a Baixa Idade Média (XII ao XIV), caracterizada pelo crescimento das cidades, a expansão territorial e, posteriormente, pelo forte desenvolvimento comercial.

Um período marcado pelos fatos históricos de modo tão intenso como as Cruzadas (1096- 1272) a Grande Fome (1315-1317), a Epidemia Bubônica (1347-1350) e A Guerra dos Cem Anos (1337-1453), tornaram-se apenas um dos elementos mais profundos e complexos desta sociedade medieval. De modo que todo movimento de tensões refletiram diretamente nas estruturas internas e externas do universo da cristandade religiosa.

Nessa transição do período medieval para o moderno a instituição Igreja buscava, em sua estrutura, "a reconstrução da sua própria identidade considerando seu aspecto tridentino".

(João Batista LIBÂNO. A Volta da Grande Disciplina. Reflexão Teológico-pastoral sobre a atual conjuntura da Igreja).

A Diáspora da Igreja Católica de Portugal para a América Portuguesa do século XVIII, pp 13-15.

4 comentários:

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  2. "fraco de fontes", pesquisa e afirmações de ordem acadêmicas têm de ser sérias...

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  3. Texto fraco, não adentrou o assunto, apenas ficou em volta o que o deixou mais confuso ainda.

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