E de um alegre medo quase frias,
Rezando, as mães, irmãs, damas e esposas,
Prometendo Jejuns e romarias.
Canto IV
Não será a culpa abominoso incesto
Nem violento estupro em virgem pura,
Nem menos adultério desonesto,
Mas c' uma escrava vil, lasciva e escura.
Canto X
Luís de Camões
Os Lusíadas.
Neste primeiro momento abordaremos uma parte da história da Igreja Católica em Portugal, de modo que a mesma foi sendo construída dentro de um processo historiográfico ao longo dos séculos XV ao XVIII durante o período da Idade Moderna, sofrendo alterações e adaptações diante de suas necessidades: teológicas, históricas e culturais.
Ressaltaremos também um dos elementos importantes do universo religioso, os Breves (termo juridico referênte aos favores concedidos o altar privilegiado, sendo as Indulgências privilegiadas e aplicáveis as almas sufragadas), como surgiu o nascimento das Indulgências. De maneira peculiar e significativa, procuramos entender o seu percurso no universo cristão, a saber: de quais maneiras as Indulgências foram inseridas e resignificadas na América Portuguesa do século XVIII.
Traçarei um cenário sociopolítico e religioso no qual se estruturam a doutrina e prática do sacramento da Penitência e das Indulgências. A História da Igreja é marcada por uma estrutura de raízes romanas, ao longo dos séculos sofreu alterações devido ás necessidades locais, ou seja, das próprias sociedades.
Essa mentalidade presente na sociedad portuguesa se fez, também, presente nos territórios conquistados onde viviam os índios, os negros, os brancos, os mulatos e os pardos que reinventaram um modo de vida.
Desde que a Igreja cruzou o além-mar pelas navegações marítimas, a mesma se adaptou e sofreu modificações por vários motivos. Dentre eles, pode-se lembrar o fato de que em um encontro entre culturas diferentes há sempre uma influência mútua.
A escassez do clero dificultou o trabalho do missionário e, é digno de nota o fato da falta de interesse por parte do clero em vir para a colônia.
(A Diáspora da Igreja Católica de Portugal para a América Portuguesa do século XVIII, pp.12-13).